terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Surf no gelo: Noruega


Estava de mudança marcada do Leblon pro litoral da Noruega. Conversando com um camarada aficcionado pelo surf, Sérgio F., descobri que a Noruega tinha sido citada no Surf Guide. Parti com minha esposa pra Escandinávia em junho de 2006, carregando na mala as informações necessárias sobre os picos de surf, long john e prancha. Pra minha sorte, um dos picos de surf ficava na minha área. Sao 4 túneis (3 sub-aquáticos) e 1 ponte. Fora o pedágio, onde se cobrava por pessoa! Tentei encontrá-lo uma vez com outro brasileiro (Rodrigo F.) sem sucesso. Até que um dia, com a ajuda de um norueguês o encontramos. Por diversas vezes nossa viagem de 20 minutos foi em vão. Nada de onda (flat). Duvidávamos que o "funcionasse" realmente. Esse pico não aparecia no surf report MagicSeaWeed e tínhamos que nos balizar por um outro, com as mesmas coordenadas/direções. Numa das missões, quase chegando à praia, cruzamos com um carro com prancha no teto, e paramos ao lado para um rápido bate-papo. Havia onda! Woohoo! Pequeno, mas com a fissura que estávamos...Show! Perguntamos se a água estava muito gelada e a resposta foi "pretty warm" (até que está quente) . Nunca esqueci dessa conversa, que acabou servindo até como ensinamento. Entrei na água de long john completo (mangas compridas) e coloquei as luvas que tinha comprado na Espanha (2 mm), mais minhas botas de cano longo que tive que comprar no Panamá por causa dos corais (2 mm). Meu camarada tinha apenas seu long john de manga curta. Vale ressaltar que estávamos no verão, com sol e temperatura na casa do 16 graus (nada mal pra cá). A água estava de fazer inveja a Arraial do Cabo no verão! Desculpem os termos: Gelada pra caralho!!! Imagino que na casa dos 16 graus. Meu camarada tremia que nem vara verde! Risos. Apelou até pra respiração de Yoga pra esquecer o frio. E olha que não ventava...Esquerdas longas de meio metro quebravam com apenas nós dois no outside. E, apenas para mim, depois de meia hora, quando ele "quebrou". Perdi as contas de quantas vezes ele xingou aquele "noruga" FDP, que só podia estar de sacanagem"! Na saída, encontramos um local, super gente boa. Nos deu info sobre o pico e nos disse que a melhor época de swell era no inverno. Sem chances, pensamos. Melhor curtir um snowboard. Fala sério! Acreditamos apenas quando ele sacou da mala do carro seu long john de 6 mm! Depois nos disse que no inverno a direita funcionava também. 
No outono rolam altas ondas! E a temperatura do ar gira em torno de 12 graus. Água um pouco mais gelada. Os locais daqui são daqueles que ficam felizes em ter companhia dentro da água. Na certa, pra ter ajuda em caso de hipotermia. Alguns deles trocavam números de cel, inclusive nos avisando quando ia rolar onda! Lembrei dos locais do Tahiti, que fazem questão de cumprimentar-nos ao chegar no outside, e gritar pra gente dropar a onda.
Fiquei amigo de um local chamado Andreas, e um dia fomos passar o fim de semana em Stadlandet, onde rola um surfcamp na praia de Høddevik. Aproveitei pra comprar um long O'neill psycho II de 6 mm com capuz integrado, mais botas O'neill de 7 mm. Meus dias de perrengue acabaram! Pra surfar no frio, equipamento certo é fundamental. Com a armadura do gelo é possível surfar até 3 horas no inverno. Ao contrário do que muitos pensam, a hora que você está surfando não é a hora de mais sofrimento! O bicho pega é na hora de tirar a roupa antes de entrar no carro! Tire o capuz primeiro, seque a cabeça e coloque seu gorro seco. Depois tire os braços e abaixe a roupa até a cintura. Seque-se e coloque camisa e casaco. Até chegar na bota...no surfcamp, você pode entrar com a roupa num vestiário, direto no chuveiro de água quente (paraíso)! Uma dica maneira que fui aprender por aqui, foi comprar uma caixa de plástico grande (com tampa), pra colocar essa parafernalha molhada na mala do carro. Um galão com água quente e doce também não pode faltar. Esquenta e tira a areia do kit inverno.
Achei a maior graça quando um cara sacou um bodyboard da mala, somente pra usar de tapete, evitando assim pisar na grama gelada. 
No inverno, o swell entra com mais frequência. Não seria na Noruega a exceção. A água fica com 5 graus, e o ar entre -2 e 7 graus. Triste.
Quem gosta de surfar vai aos poucos tomando forma de pinguim e superando seus próprios limites.
Já deixei de surfar porquê estava 10 graus. Depois meu limite foi 5 graus...até que um dia entrei na água com 2 graus negativos! Depois disso, aqueles 10 graus de antes, passam a ser quase verão.
O bom de surfar aqui é que no verão, e principio de outono, tem luz até 23h. 
Porém no inverno, amanhece apenas às 8:30h e escurece às 15:30h. Nesse caso, surf apenas fugindo do trabalho! 
Depois da 1a temporada de inverno, entendi porquê o gringo tinha se referido aos 16 graus como pretty warm! Porquê a caralha chega a 5 graus, meu irmão! Nesses dias congelantes, dar golfinho/joelhinho (duck dive) é um sacrificio. A água às vezes entra no gorro e a sensação de frio é surreal. Depois de 3 golfinhos em sequência, sua cabeça parece que vai explodir! É a hora se virar de costas e deixar a espuma bater! A sensação pode ser reproduzida da seguinte maneira: no final do seu próximo churrasco, quando no isopor de cerveja não tiver mais gelo, apenas água, com a cerveja boiando, enfie sua cabeça lá dentro por 3 segundos. Pescou? 
Quando seu corpo está num ambiente frio, o corpo concentra seu calor nos órgãos principais e vai desligando suas extremidades. É por isso que os primeiros a sentirem frio são os pés e as mãos. Essa é o principio usado nos coletes com aquecimento, que mantém o dorso aquecido, enganando o termostato do corpo, e postergando o congelamento das extremidades. Adquiri um desses rapidamente, e utilizo nos dias mais frios. Quando vc aperta o botão pra ligá-lo, esquenta como se vc tivesse urinando. Funciona bem. E fica por dentro do long john.
Hoje em dia, a comunidade de surf deve estar com uns 20 surfistas, com vários gringos: Austrália, Inglaterra e Brasil-sil-sil! Muitos iniciantes de longboard. Pelo menos isso...pouco crowd. E ainda conseguimos implantar o sistema se rodizio, utilizado nas viagens de barco (mentawai, maldivas, etc). Fila no pico, sem rataria. 
Tow-in ainda não rola (risos). Mesmo porquê, O uso de jet ski não é permitido na Noruega. Motivos de segurança e poluição sonora, acredito. 
A maior concentração de picos de surf fica na área de Stavanger.


Quebrando barreiras  (Dezembro/2009)

Treasure of the vikings!

Getting ready!

Parece areia, mas congela o pé!


A direita funcionando...Andreas K. na onda.
A jóia do surf na Noruega chama-se Lofoten. Uma ilha perto do polo norte, que tem uma esquerda fenomenal, e a maior "fonte" de codfish, que transforma-se em Bacalhau. A Rip Curl esteve com Tom Curren por lá há 2 anos atrás. Rumores dizem que tentaram convencer, em vão, os locais a liberarem o local para a etapa "The Search" do circuito mundial. Aquela que todo ano é feita num pais diferente, e que infelizmente não vai rolar em 2012.
Ainda não pintei naquelas bandas, mas um dia eu vou. Aguardem cenas do próximo capítulo.


Lofoten


Videozinho:


http://www.youtube.com/watch?v=ZrvRQZgOk6I&feature=plcp&context=C3250540UDOEgsToPDskLbF7DuWhwSGxcaE7qGhsa1



Pra quem quiser se aventurar, tem um kit inverno completo adicional à disposição!


Velkommen! 

domingo, 9 de janeiro de 2011

Escócia: Whisky & Castles

        Motivos para visitar a Escócia não faltavam. Sempre fui fascinado pelo filme Coração Valente (Braveheart ), além de fã de um bom scotch whisky e da Lenda do monstro do Lago Ness.
Consegui convencer meu primo Fernando, com a esposa Juliana e sua filha Carol a ir conosco nessa trip
Iniciamos pela capital- À propósito, sabes qual é? Toda em estilo medieval, construções de pedra, com um mega castelo em seu centro, bem no alto. Se você, assim como eu, achava que a capital da Escócia é Glasgow, engana-se. Chama-se Edimburgo! Rsrsrs. Tive que confessar. Vivendo e aprendendo...
Chegamos no dia 31 de dezembro de 2010, direto para a festa de reveillon. Faltando 20 min para o encerramento da venda dos tickets de entrada, meu primo conseguiu comprar as entradas. Eram quase 23h.
Educadamente, a policial escocesa nos aconselhou a desistir da festa, preocupada com nossas crianças no meio de uma multidão. Mal sabia ela, que éramos treinados no Rio de Janeiro!
Amarelei para levar minha champagne, com medo de tê-la confiscada. Meu primo, não, sorte. Foi dificil comprar bebida. Whisky, então, impossível. Conseguimos algumas cervejas, um quentão. Rolava um DJ e diversos shows espalhados. 
Estávamos no pé do Castelo e fomos surpreendidos por uma bela queima de fogos à meia-noite. Temperatura por volta de zero grau. Eu carregava, inutilmente, um tripé para minha camera fotográfica, no intuito de registrar o momento. Bebemos, gritamos e nos divertimos até as 2h. Fizemos um pit-stop no simpático bar do hotel, onde bebemos o primeiro single malt da viagem: Glenkinchie. 

No dia seguinte, fizemos um sightseeing num daqueles ônibus de dois andares, e acabamos num parque de diversOES. Rebecca pôde mostrar toda sua radicalidade. Pessoas paravam para admirar aquele pequena criança, amarrada com elásticos na cintura, pulando por cerca de 4m de altura! Foi incrível! Gostou também de ficar dentro de uma bolha, em cima d'água, onde podia dar cambalhota, pular, jogar-se, etc. Comemos um fast-food escocês, numa das barraquinhas do parquinho, com destaque para o hamburger com cebola e cheddar. Muito bom também o hot-dog alemão! Rebecca ficara confusa ao ver um homem vestido de saia. Até então, saia era coisa de menina! Rsrsrs. De lojinha em lojinha, acabamos nos deparando com whiskies, claro. Após meia-hora de discussão e dúvida sobre qual dos diferentes tipos comprar, decidimos comprar dois que faziam parte de um kit de cinco: Glen Moray & Loch Lomond.

À noite, voltamos ao bar do hotel. Começou então o ritual de toda noite que se seguiu. Voltei do bar pra nossa mesa com três whiskies diferentes, todos single malts: The Macallan (THE BEST), Glenfiddich (único que eu havia bebido anteriormente), Talisker. Mesmo ignorantes na arte de degustar os single malts, pudemos perceber o aroma e paladar smoky/peaty do Talisker. No primeiro momento, não nos agradou. Enquanto os dois primeiros são da região de SPEYSIDE, o Talisker é de ISLAY, região tipica dos whiskies com aroma defumado (smoky). Vale ressaltar que o Macallan, juntamente com o Highland Park, são a base do "blended" mais vendido na Escócia: The Famous Grouse.
O figura
Quase chegando ao castelo, encontramos um "figura", vestido de William Wallace (personagem vivido por Mel Gibson no filme acima citado, e lider do movimento que resultou na independência da Escócia). Tiramos foto com o simpático escocês, cada um com sua espada, gritando "FOR FREEDOM"!!! Outra alternativa popular de grito era: " For FACEBOOK"!!! Rsrsrs. O cara era fã do sepultura, e nos confessou que a unica palavra que ele conhecia em português era: PORRA! Hahaha.


O castelo de Edinburgh é imponente! A vista da cidade, suas galerias, masmorras, prisões, acomodações, museu da guerra e de armas valeram a visita.  Houve uma parada para tomar um café. Não perdi tempo e ataquei um picadinho de carne, que era servido dentro de massa folheada. A sobremesa foi outro whiskie: Tullibardine.


Chegara a hora da Scotch whisky experience! As meninas foram fazer compras, e os marmanjos foram ter aula sobre a água da vida (the water of life: whisky).
O "silver tour" dava direito a degustar um tipo de whisky somente. Não hesitei e comprei o gold tour, que dá direito à degustação de adicionais quatro tipos no final.
O tour inicia com um passeio sentado num carrinho em forma de barril, explicando o processo de fabricação. Arrependemo-nos de ter escolhido o português! Seu JOAQUIM, ou talvez MANOEL, nosso locutor da gravação, não sabia nada de whisky. O sotaque luso era dificil de compreender, gajo! Um grupo foi reunido numa sala, onde assistimos um video, explicado por uma escocêsa. Descobrimos que a Escócia, "whiskamente" falando, divide-se em quatro principais regiões: Lowland, highland, Speyside, Islay. Abre parêntesis. Alguns livros adicionam um quinta: Islands. Fecha parêntesis. Recebemos uma roda de papel, com cada região marcada com uma determinada cor. O aroma tipico da região era liberado ao esfregármos o papel. Muito interessante. Na mesa, havia quatro circulos, um com cada cor, e um circulo central com todas as cores. Malandro que sou, coloquei meu copo nesse último, achando que beberíamos todos, por estarmos no "gold tour". Meu primo ao ver tamanha "decisão", fez o mesmo. Acabamos sendo servido uma única vez, e ao invés de single malt, recebemos um blended: BELL´S. Pelo menos era o Bell´s escocês e original, e não o engarrafado no Brasil. Rsrs. Ficamos surpresos ao conhecer a maior coleção de whisky do mundo (World Guiness). Contando com 3400 garrafas de diferentes tipos e marcas diferentes. A surpresa maior foi descobrir que essa coleção pertencia a um brasileiro: CLAIVE VIDIZ. Fundador da Sociedade brasileira dos colecionadores de whisky. Vendeu tudo para os escoceses, alegando que "o bom filho à casa torna". Valores não divulgados. A coleção acabava num bar, onde recebemos um conjunto com 4 copos, mais um de água, e um folheto descrevendo os tipos, aromas, paladar de cada whisky: Glenkinchie (lowland), Glengoyne (highland), The Glenlivet (Speyside), Caol (Islay). 

Brasileiros e habituados ao whisky on the rocks, foi fácil apreciar o lowland, mais suave e low finish (tempo que a bebida ainda fica impregando sua boca após engolida). O paladar diferenciado dos ISLAY começava a agradar. Encarnamos um "degustador" e resolvemos apreciar os diferentes tipos, sem nos prender em preferências. Gelo não é servido. A boa maneira escocesa permite adicionar algumas gotas de água. Ato que libera ainda mais o "bouquet" do whisky. O copo correto não é o copo que estávamos acostumados a beber whisky. Era um mistura de copo de conhaque com vinho. Especialmente confeccionado para permitir dar aquela mexida na bebida, usando em seguida o olfato, visualizar a sua cor e bebê-la finalmente. Colocar gelo não é errado, contudo. A critica é que perde-se a noção de quanto de água está sendo acrescentada. Vale lembrar que a água faz parte da composição do whisky, além de ser adicionada no final da maturação, feita em barris. Para ser considerado um SCOTCH, o whisky tem que maturar, por lei, no minimo 3 anos! Na saída, estratégicamente posicionada, existe uma loja com todos os single malts existentes no mercado, além dos famosos blended. Aprendemos que o whisky pode ser feito de diversos grãos: cevada, cevada maltada, arroz, milho, etc. O whisky mais nobre é feito apenas de malte. Se feito em apenas uma destlaria, leva o nome de single malt. Já o tipo blended (Johnny Walker, Chivas, JB, Passport, Bell´s, etc) é feito da mistura do whisky malte com algum outro whisky tipo grão. A maioria dos blended não revela quais whiskies fazem parte da mistura, logicamente. A arte da mistura é feita pelo master blender, que é o responsável pelo aroma e paladar constantes e perfeitos do produto final. Aliás, o whisky Johnny Walker foi o primeiro a ser distribuido em toda parte do mundo, ainda no século XIX, com representantes espalhados mundo afora. 90% do whisky consumido no mundo é do tipo blended. Depois de tanto whisky, um rodizio chinês veio saciar a fome, que àquela altura estava negra. Meu primo então que o diga, já que só havia bebido um café antes dos whiskies...à noite, como de costume, teve mais whisky: Oban, Cragganmore e lagavulin (Islay).
Robert de Bruce e o monumento
ao Wallace (ao fundo)
Ao amanhecer, pegamos um trem e fomos para em Stirling. Foi lá que os escoceses derrotaram e expulsaram os ingleses de suas terras. Na verdade, se Robert de Bruce e William Wallace retornassem hoje ao castelo, não o reconheceriam. Eles mesmo se encarregaram de destruir o castelo, que na época era dominado pelos ingleses, e o utilizam contra os próprios locais. Somente 60 anos depois, que a reconstrução do castelo teve inicio. Castelo por castelo, esse nem chega aos pés do de Edimburgo. Conseguimos avistar o monumento ao William Wallace de longe, e tiramos foto na estátua do Robert de Bruce (o Judas escocês, que traiu o próprio Wallace). Dentro do castelo, garanti mais um malte: Glenmorangie.

Acertadamente, decidimos conhecer uma destilaria de whisky. Fomos de trem a Glasgow,  e pegamos um taxi de meia-hora para Glengoyne. A destlilaria leva o nome do lugar. Nossas guerreiras e pacientes mulheres e filhas nos acompanharam fielmente. Novamente, optamos pelo tour completo. Dessa vez, garantimos a degustação do Glengoyne de 10, 12, 17 e 21 anos. A "idade" do Scotch whisky, por lei, é a idade do whisky mais jovem que faz parte do blended/mistura. Finalmente, descobri o que significa o prefixo "glen", presente em diversos whiskies: Glenfiddich, GlenMoray, Glenlivet, Glenmorangie, Glengoyne...como Goyne significa cisne na linguagem local, Glengoyne é o vale do cisne. 
Iniciamos direto no "vamos ver". Uma taça de 10 anos e outra de doze. Além de mais velho, o segundo possuía um grau alcoólico elevadíssimo: 58%. Enquanto bebíamos, um video ilustrativo rolava. Dizem que o whisky adquire, durante a maturação, as características do local. É fascinante como as quase 100 destilarias, espalhadas por toda Escócia, conseguem um produto único, utilizando-se dos mesmos ingredientes! A dureza e características da água são peculiares de cada região, mas, hoje em dia, o malte é adquirido de fábricas, ao invés da cevada ser  hidratada e secada manualmente. A cevada ao ser hidrata, incha e libera açúcar (maltose). Depois de dois dias, inicia-se a secagem, para evitar que a cevada continue expandindo-se. Junta-se água ao malte, em seguida adiciona-se fermento. O alcool é o produto da fermentação, juntamente com o CO2. As destilarias pequenas liberam o CO2 para o ar, porém as grandes destilarias, vendem o gás para fábricas de refrigerantes e água. O Escocês aproveitou a "deixa" para fazer uma piadinha, dizendo que a coca-cola escocesa é a melhor do mundo, já que é feita com CO2 de whisky. Diga-se de passagem, a maior destilaria de blended da Escócia alimenta toda a fábrica da coca-cola do pais. Segundo "o especialista", utilizam qualquer barril pelo tempo minimo de três ano, e adicionam caramelo para colorí-lo. Noutro comentário sarcástico, sugeriu que, se um dia fôssemos misturar coca-cola, suco, ou outra bebida qualquer, que usássemos então um whisky blended de larga produção. Voltando à produção, depois que o primeiro alcool é formado, ele está com aproximadamente 8% de teor alcoólico, e a mistura lembra uma cerveja. A cevada em forma de borra é filtrada e separada. Posteriormente vendida para agricultores e pecuaristas locais. O restante do liquido sofre então a primeira destilação, onde vapor aquece a mistura, separando o alcool em forma de vapor da água (que sobe), da água que permanece no fundo. O alcool vapor é resfriado por serpentinas e separado, já com um teor alcoólico de 25%. Repete-se o processo, novamente, fazendo com que o alcool atinja 75% de teor. O liquido ainda é incolor. Adiciona-se água, reduzindo seu teor para cerca de 63% (número mágico), para então ser reservado em barris de madeira. Como o whisky obtém o gosto e cor do barril, a experiência mostrou que não se pode utilizar barris virgens. Os melhores resultados são obtidos com barris usados nos EUA para whisky Bourbon, ou da Espanha usados por cherry. Quanto mais novo o barril, mais escuro torna-se o whisky. Usa-se o barril por uns três períodos no máximo, para então ser repassado para defumar peixes e outros alimentos. A maturação ocorre dentro dos barris e pode durar até mais de 25 anos. Cada ano que passa, o teor alcoólico diminui, devido à evaporação de parte do alcool ("the angels part"). Toda destilaria produz seu próprio malte, e também abastece as marcas de whisky blended, que chegam a levar 40 tipos diferentes de maltes em sua mistura. Apenas 14 destilarias permanecem nas mãos de Escoceses, e a GLENGOYNE é uma delas.  
Voltamos a Glasgow. Foi a hora das meninas visitarem as destilarias delas: Gap, H&M, Zara, etc. Nem tínhamos o direito de reclamar. À noite, finalizamos a champagne que estava morando no frigobar do meu quarto, assim como a última dose de scotch: Deanston
Não houve uma dor de cabeça sequer, nem ressaca. Acredite se quiser.
Trouxe na mala um conjunto de copos de cristal Glencairn, uma garrafa do whisky que mais gostei (The Macallan), e outra garrafa de Glengoyne, para lembrar da destilaria.
Estava louco para chegar em casa e provar meus exemplares de whisky: green label (vatted malt / blend of malts), gold label, Chivas 18, Royal Salute (21).
Estão cada vez melhores, e eu, cada dia, aprendendo um pouco mais.
Acho que já posso me candidatar a um blue label...
Um brinde a 2011! 
Saúde!

PS: Valeu primo! Vou sentir falta da companhia/parceria do whisky!

A dupla do whisky presente na The Scotch Whisky Experience (Edinburgh).

Na destilaria Glengoyne: da esquerda pra direita: Fernando; o MESTRE e Gustavo (ainda segurando a dose do whisky 21 anos)