quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Maldivas: Relato da SURF Trip

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Maldivas


Lohifushi island

            Após conexões em Oslo, Estocolmo e Doha (Quatar), finalmente, chegamos às Maldivas. Vizinha da Sri Lanka e da India, situa-se no Indian Ocean (errôneamente denominado de Oceano Indico pelos experts portugueses, onde deveria-se chamar oceano Indiano, ou Indio, ou quem sabe Indígena). São quase mil ilhas dividas em diferentes atóis. Hospedamo-nos no arquipélago Male Norte, na ilha FUSHI, no Hudhuranfushi Resort (antigo Lohifushi). Em 2004, o Resort recebeu a visita inesperada do Tsunami. A ilha fica à cerca de 40 minutos de lancha da ilha do aeroporto. Fomos recebidos pelo representante da agência, que nos encaminhou para a lancha do hotel. Recepcão tipica de resort, com direito a boas vindas, suquinho e muitos sorrisos. Ficamos em um bungalow de praia, e pela duração da caminhada até o quarto, descobrimos que o resort era enorme, e que o nosso era o de número 175. Em ritmo intenso e passadas largas, no mínimo 5 minutos de caminhada. Menos mal que carregaram as malas e as parnchas, mas ruim que demoraram demais para chegar ao quarto. O carrinho da Rebecca chegou intacto, mas não foi feito para andar em terra ou areia…Eram mais de 17h e após descobrir onde era a area de surf, constatei que não havia ninguém surfando. Tinha bastante onda, mas o vento maral e a correnteza estavam fortes. Demos um pulo na piscina, que estava vazia, mas era boa. O buffet do jantar agradava aos que apreciavam a culinária Indiana, muito curry, pimenta e tempêros. Carne de porco é proibida, mas tinham outras boas opções. Sobremesas variadas. Rebecca conseguiu sobreviver na base do arroz, franguinho, peixe grelhado, Valesca não se fartou. Os preparativos foram bem feitos pelo hotel, com direito à cadeirinha para a Rebecca e tudo! O chopp era bom. Detalhe que os hotéis possuem licença especial para a venda de bebidas alcóolicas, visto que a religião oficial é a muçulmana. O Hotel tem um SPA bem legal. Diversos esportes aquáticos, mas o SURF é o forte, já que é um dos dois únicos resorts que possuem onda com acesso restrito aos hóspedes (esquerda excepcional chamada LOHIS). O outro é o Hotel Dhonveli com a esquerda Pasta Point. Esse, então, restringe a quantidade de surfistas em 16. E vc tem que pagar mais 150 doletas por dia por surfista, com direito ao uso dos barcos. O resort é mais luxuoso, mas achei que não valia a pena. Ainda peguei dicas com o Sérgio, com o Renato e outros. Fechei no antigo LOHIS.

SURF

            Tive o prazer de surfar todos os 10 dias, com direito a duas caídas diárias. O recorde foi três num dia inesquecível. Caídas que variavam de uma a duas horas, com cerca de 10-15 ondas surfadas. O Swell se fez presente durante toda a viagem. Aliás, acho que nunca fica Flat por lá. Nos dias "menos bons", havia ondulação, mas o vento maral atrapalhava um pouco. Rolava aquele impasse "caio ou não caio", mas era só lembrar da pouca frequência do surf norueguês, ou da quantidade de mares piores que surfei na minha vida no Brasil, que em 5 minutos, lá estava eu no outside. A esquerda é longa, bonita e deliciosa. Existe um deck, onde as pessoas ficam sentadas nas cadeiras e mesas para acompanhar o surf, regado à bata frita e chopp. Como surfo o ano inteiro de botinha, e já que surfista bom não usa botinha, pq atrapalha o movimento dos pés sobre a prancha, decidi não utilizá-las. Ainda mais que a minha era de "cano longo", que ficam cheias d´água, e são mais utilizadas para águas frias brasileiras, do que para surfar em reefs (sapatilha). A entrada é, relativamente, fácil. Pisando com cautela nos corais, entrando pela rampa abaixo do deck. Até na maré vazia é possível. Descobri pelo pior jeito que a saída tem que ser preparada. Aquela estória de pegar uma onda longa e decidir sair logo após, simplesmente, não rola! Você tem duas opções: voltar ao pico, de preferência bem à esquerda do deck, dropar uma, colocar reto, deitar na prancha e sair pela rampa, ou então remar por fora para sair pela prainha do SPA. Quem está de bota não passa esse perrengue. Muitos a utilizam. Acho que não compensa. Melhor surfar mais livre e sair com alguns cortes no pé. Os adeptos dizem que dá para acostumar, igual camisinha, mas para mim, parece fazer snowboard com bota de esqui, ou então jogar futsal de sapato. Bom, como eu estava contando, num dia com "certo tamanho", às 7h da manhã, sem ninguém na água, resolvi entrar junto com o Mariozinho. Entrei remando forte e cheguei rapidamente onde eu achava que era a arrebentação. Subiu a primeira série e me mandou de volta para a zona de impacto. Voltei novamente, fiquei escolhendo onda, e subiu uma série com mais de 6 pés, de quatro ondas, que nos varreu, e nos expulsou. Fomos parar na bancada de corais, e ficamos ilhados com 30cm de água somente. Só havia um caminho: andar pelos corais até a praia do SPA. Quando meu pé não aguentava mais, liguei o "foda-se", e resolvi deitar em cima da prancha e sacrificar as quilhas. Sai mais rápido. A sorte é que os coráis não são infecciosos como Tahiti, Ilha de Reunião e Bali. As quilhas aguentaram bem, mas o fundo da minha prancha parecia ter levado 2 tiros de revólver. Minha melhor prancha, a mais solta (6´2´´) tava fora de jogo. Ainda bem que o mar manteve o tamanho, e ainda chegou a subir. Fiquei surfando com a 6´3´´, que respondeu bem. Na Lohis não precisa prancha grande. Ralei o joelho quando a última da série me encontrou no inside, onde não dava para dar golfinho, depois fui girado e dei uma porrada de leve com o cox. Cortei o pé direito de leve por cima, e alguns cortes pequenos nas mãos, e embaixo do pé. Fui tomar café da manhã muito puto. Quando a maré começou a subir, as condições melhoraram. Voltei para a água por volta de meio-dia. Peguei algumas ondas, mas levei mais na cabeça que outra coisa. Sorte que não é tão raso, e que o lip não é tão grosso. No fim de tarde preferi não cair, pois já tinha me fudido o suficiente (desculpe o termo). Ao abaixar minha cabeça, escorria água do meu nariz…kkkkk.  
            O Line-up é bem diversificado. Tinha uma galera de umas oito pessoas de Israel, alguns australianos e uns gatos pingados da Alemanha, Espanha e França. Em maior número estávamos nós brasileiros. Esse fato chamou a atenção, principalmente pelo desenvolvimento do nosso pais. Acho que não havia nenhum Americano. Num bate-papo de outside, o Alemão perguntou de onde eu era, e após eu respondê-lo, ele se disse surpreso pela quantidade de brasileiros no local (éramos 17 surfistas, mais acompanhantes). Respondi…"very rich Country, you know…"..hehehe. O nivel dos surfistas era normal. Tinha um astraliano muito bom, que dropava as maiores e jogava muita água nas rasgadas, mas os mais rápidos e soltos eram os brasileiros. Do RJ somente o João e eu. Da Bahia uns 4, de Fortaleza um, de BH unzinho e a maioria era a paulistada (todos bem maneiros).
Como muita gente compra o pacote de surf, a onda do hotel não fica muito “crowdeada”, pois sai um barco para o norte, e outro para o sul, todo dia, às 9:30h e às 15:30h. Quem já pagou pelos barcos, quase sempre vai à bordo checar as direitas e os outros picos. Eu não fui nenhuma vez. Soube que tem muita onda boa, de tudo quanto é jeito, mas meu esquema não permitia, já que eu tinha que aliviar minha esposa Valesca com a minha filha Rebecca, e também por me satisfazer plenamente com a esquerda do hotel. Custa 38 dólares por session de barco se vc quiser comprar na hora. Quem comprou o pacote de surf, tem a pulseira verde, e tem prioridade no embarque. Se não conseguir lugar no barco, pode pedir que o jet-ski leva até à direita Ninjas, que dá para ver do deck.



O deck é perfeito para as filmagens e fotografias. Tem tripé com câmera para tudo que é lado. O maneiro é que a galera se filmava, e que depois rolava a partilha do material após o jantar. Como a Rebecca ficava dando aquela canseira na Valesca, minhas ondas foram pouco filmadas. Felizmente, Valesca conseguiu filmar algumas, driblando Rebecca. Aliás, sou sortudo apenas por estar na água. Rebecca usa pilha duracel, impressionante. E sua diversão era jogar pedaço de coral no mar, de cima do deck. Atenção total com a pequena!

Normalmente, eu fazia uma bateria às 6 e pouco, quando a maré não estava muito baixa (opção às 10h depois do café), e outra no final de tarde (eram as melhores).

O paulista Cadú conseguiu um tubo alucinante na sessão do inside, em onda que eu deixei passar. A onda sabe quem ela escolhe…hehehe. Aliás, minha inexperiência em tubos é grande. Nunca surfei esse tipo de onda, e ficar vendo tubo em DVD e foto pouco acrescenta. Tem que ter reflexo. Numa das minhas melhores ondas, enquanto eu fazia a cavada, preparando a manobra, a onda bateu na bancada e o lip abriu o tubo para mim. Meu reflexo foi abrir ainda mais a cavada. Passei por fora do tubo. Inacreditável. Senti vontade de me matar, PQP!
Á esquerda do deck, quebra uma onda mais lá fora, tipo de vala do meio da Barra no RJ. Vc vem fazendo ela, até ela acelerar no inside. Gostei mais da onda de frente do deck, que quebra mais rápida, e que abre uma pista de corrida. Dá para acelerar bastante; entubar (pra quem sabe); fazer uma manobra final; passar ela toda, etc.
Comentei com um brother que dava para fechar com um floater, tranquilamente, por causa do boa profundidade. E ele me respondeu: “Pra quê? Vale a pena? Vai remar mais na hora de voltar e ainda arriscar. Achei a dica excelente. Numa onda longa e boa dessa, floater para quê, meu xapa? J
Achei esse esquema do resort sensacional. O fato de não precisar pegar carro, barco ou atravessar a rua para surfar é demais. E a onda está ali. Não quer cair agora, espera um pouco. Tá muito sol? Tudo bem. Crowd? Espera a saida do barcos.
A cor da água é alucinante. Cada golfinho (duck-dive) de olho aberto é mágico. A visão dos coráis e peixes parece filme de surf mesmo. Água quentinha!


Nem precisava fazer snorkel, apesar de muito recomendado. No outside, vimos tartarugas, peixes de todas as cores imagináveis, peixe-espadas, arraias e até golfinhos num fim de tarde. Eles vinham junto com as ondas. Incrível. Numa vez, ao sair da água, uma moréia pequena ficou presa em cima da pedra, ilhada…o mar bateu e ela foi embora tranquilamente. E eu, respirei aliviado.


Na primeira semana rolou surf de alta qualidade. Nos dias grandes e bons, aquela esquerda era um espetáculo. Para quem via e para quem surfava.
Rolava respeito dentro d´água com o pessoal revezando no pico. Sempre tem uns espertos, né?


Senti que rola uma interpretação de prioridades diferente entre brasileiros e gringos. Para gente, quem estiver mais no fundo, tem prioridade em relação a quem estiver mais para o inside, mesmo o Segundo estando mais para dentro do pico (atrasado, mas “deep”). Posso ter me enganado, mas senti isso algumas vezes. Será que é regra de beach break brasileiro? Aconteceu comigo, e eu botei para baixo lá de fora, e o gringo voltando, virou e entrou na onda tb. Eu fui embora, e nem olhei para trás. Na volta, o pai dele falou que não era ”fair”, e o muleque veio me dizer que eu não podia fazer aquilo..hahaha. Rolou um bate boca rápido. Os brazucas me deram razão, e os gringos ficaram com o muleke. Quem não vê o inicio da onda, acha que eu mandei mal. No mesmo dia rolou a mesma situação com o mesmo muleque, só que às inversas! Eu vim remando por dentro, gritando: Revenge, revenge?!?! E liberei para o muleque, e ficou tudo “na boa”.


No Segundo maior dia, fiquei sozinho embaixo do pico, meio atrasado, na hora da série, e não tinha como eu deixar passar. Ia ficar feio demais. Botei para baixo e, literalmente, despenquei. Torci para que tivesse alguém vindo por dentro..hahaha. Faz parte. Ainda bem que é fundo.
No últimos 3 dias, entrou um ventinho maral, que se recusava a ir embora. Para nós, brazucas, nada que impedia a “caída”. Às vezes, vc se vê mal acostumado, depois de tanta onda boa, e cogita a possibilidade de não surfar. Aí, eu puxava minha memória de surf forçação de barra, e pulava dentro da água.
Consertei a 6´2´´, mas ela não viu mar glass mais…
Tentei ficar mais 3 dias, mas o hotel estava lotado. Quando decidi fazer o sacrificio de mudar para os overwater bungalows, descobri que minha passagem não permitia trocas.
No ultimo dia, comprei uma prancha AEROFISH 5´11´´do Cadú. Toda prateada e feita de epoxi, vai ser minha ferramenta aqui no verão norueguês. Boa remada e soltinha.
Deixamos a ilha, mas o maral ia ficar por mais uns 5 dias.
Quer saber? Na verdade, nem precisava surfar. A família, a atmosfera, o visual, a magia do lugar a sua volta, os brothers, o fundo do mar, água quente e até aquela água salgada (em demasia) já seriam o bastante. Mas, imagina isso tudo com onda boa?!?!?!? Para surfar, achei nota 10, uma das melhores trips. Trip paradise! Só perde para o Tahiti no quesito magia.
A dica da galera de Israel é ir para o resort mesmo, pois os barcos acessíveis não estão em boas condições (ar-cond quebrado nos quartos, banheiros sinistros), além do crowd intenso nos picos.


Qual sera o próximo novo destino de surf?


Meu CV está aumentando…Ilhas Canárias (Lanzarote), Panamá (Bocas), Costa Rica, França (Biarritz, Hossegor), Espanha (Zarautz), Noruega, Ilha de Reunião, Ilhas Mauritius, Tahiti, Moorea, Maldivas. Estou ficando nojento! Huahuahua.




Rebecca subiu na minha prancha fora da água e colocou a esquerda na frente…seria a pequenina uma future “regular”? Também me ajudou a carregar a prancha na volta! Peguei a dica com o cara de Israel. Para ela (o) surfar, vc não tem que forçá-la (o). Isso gera medo na criança! O segredo é deixar solto, que elas (es) vão com certeza nos imitar. Ela já folheia minha revista de surf, e assiste DVD comigo. E com menos de 2 anos!
Aqui estou eu, em casa, escrevendo e surfando mentalmente de novo.


Se quiser dicas, entre em contato.


Fotos:

http://picasaweb.google.no/gucape/HolidayAtMaldives#




Boa ondas,
Gustavo Pedreira
























































































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