quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mentawai - SURF

Fotos de algumas ondas minhas, feitas pelo Sebastian Imizcoz e Bruno Veiga:

Nipussi

Hollow-Trees (HT's) - our boat in the background
HT's (known also as Lance's Right)
Greenbush
Greenbush
Lance's left
Lance's left
Nipussi
Bankvaults - strongest wave
Rifles - probably the best right hander in the world!
Rifles - 5h in the water this morning. What a day!
Nipussi (last day) - only 6 of the 10 guys in the boat.

Lances left!


Rifles!

Lances Left.

Rifles (by Bruno Veiga)

Sequência em Lances Left






VIDEO:
Click here to check out THE VIDEO of the trip: "Big Brother Aileoita"


Mentawai Trip

São quase 2 dias de viagem até pegar a primeira onda. Mas, se demorasse 5 dias, ainda assim valeria a pena! Ålesund->Oslo->Instambul->Singapore->Jakarta->Padang e mais 9 horas de barco, saindo da maior ilha da Indonésia (Sumatra). Aliás, a Indonésia é gigante! País com o maior número de muçulmanos. Minha 1a vez na Oceania!

Dez surfistas brasileiros, dois fotógrafos e uma tripulacão de cinco indonesianos, que diga-se de passagem, agradaram igual nossas avós costumam fazer. Seis surfistas do RJ e quatro de SP. Galera show de bola! Um fotógrafo baiano, e outro argentino, mas que vive entre Maresias e Mentawai.

A viagem durou 12 noites, e tivemos o prazer e a sorte de surfar todos os onze dias! Pegamos o final de um swell, e o inicio de outro. Maravilha.

Quem gosta de surf e curte uma viagem, tem que ir pras Mentawai. PQP! Aquilo é muito bom. Ondas top de linha e sem localismo!

Meu CV estava bom: Ilhas Reunião, Costa Rica, Panamá, Canárias, Maldivas, Tahiti, Biarritz, mas confesso que estava reticente quanto a esta viagem. Uma das razões era meu backside fraco, já que mais de 90% das ondas surfadas na minha vida foram “esquerdas”. Imaginava o barco fundeando ao lado de uma “direita” insana, com todo mundo entrando na água, e eu amarelando, ou tendo que dropar bombas tubulares, quebrando em cima de uma bancada de corais rasa e afiada.

Após comprarmos mais algumas caixas de cerveja, embarcamos no final da tarde. A travessia foi um pouco agitada. O jantar quase saiu de volta pela boca. Durou a noite toda. Barulho de motor, balanco do mar, e o pensamento nas ondas que apareceriam, não me deixaram dormir direito.

Conforme minha “visão”, a única opcão surfável pela manhã era “Lances Right”, também conhecida como Hollow-Trees (HT’s). A direita mais pesada de todas. 6h da manhã, todos de pé, desencapando as pranchas, e já havia 6 barcos no pico. Definitivamente, não estávamos sozinhos! Um acordo entre os barcos diz que o barco ao chegar deve esperar 30 minutos antes dos surfistas entrarem na água. Respeitamos o “deal” e entramos na água. Usava minha botinha nova pela 1a vez. Numa bancada de corais apelidada de surgeons table (mesa de cirurgia), não ia ser eu que arriscaria na primeira caída da trip. Os 60 dólares sairam barato, quando tive que ficar de pé na bancada, para pular uma espuma branca que vinha em minha direção. Não havia profundidade para dar “golfinho (joelhinho, ô meu)! Esse dia teve australiano perdendo a linha na água...chamando neguinho pra porrada, puxando estrepe de outro, para entäo rabear nosso camarada e sair da água. Outro australiano surfou a manhä inteira trajando um bikini rosa. Estava pagando por ter feito alguma merda em Maccaronis, averiguei.

No dia seguinte, atracamos em frente a Greenbush. Aquela famosa esquerda, em que o Dane Reynolds pegou um tubo no “young Guns II”, que deixou até Kelly Slater impressionado. Quem madrugou na água se deu bem, pois o vento entrou depois das 8h. Mesmo assim, deu para pegar boas ondas. Apenas dois barcos em Greenbush! O swell estava perdendo a força, mas confirmamos Maccaronis para os dois dias que seguiam. Depois da construção do “Maccaronis resort”, só podem atracar dois barcos por dia. Nosso guia fez a reserva para esses dois dias com uns 15 dias de antecedência. Se vai haver boas ondas ou não, acaba sendo meio na sorte…o mar estava sendo considerado “flat”, e o Segundo barco nem apareceu. Realmente, estava meio metro com series maiores, mas a marola é fantástica. Todo mundo dizia que era o melhor flat da nossa vida! Saí da água quase escuro, contemplando um dos pôr-do-sóis mais incríveis que já vi. Tentamos nos organizar no outside, criando uma fila. Demorou um pouco para o sistema funcionar. Acostumados com a regra dos beach breaks brasileiros, onde quem está mais no pico tem prioridade, era dificil de adaptar-se às regras dos campeonatos e prioridades. Acabou funcionando no final. A onda é muito boa para treinar batidas e rasgadas. Dá para repetir toda onda, cada vez com mais força. Que esquerda!

A rotina no barco era a seguinte: acordávamos às 6h, cereal e primeira bateria de surf. Lá pelas 10h, saía da água para um café-da-manhä forte. Depois era dar uma relaxada no deck superior, curtindo um sonzinho, umas cervejas bintangs, vendo as ondas e fazendo algumas filmagens. Lanche rapido às 12h. Nova descansada, para a 2a bateria do dia, que ía até o pôr-do-sol. Houve dias com uma caída intermediária ao meio-dia.

Depois de Maccaronis, surfamos Lance’s Left com um tamanho um pouco maior. Outra esquerda fenomenal. Havia uns 3 barcos. A onda que mais gostei. Foram duas boas caídas.

Depois, encaramos uma outra esquerda, mas bem mais pesada: THUNDERS. Do barco parecia um mar com ondas de meio metro. Assim que chegamos ao outside, entrou uma série de 3,5m de parede…(foda-se, onda se mede pela frente, TEAHUPPO que o diga) que fez com que a galera batesse pé e tudo! Num determinado momento, um astraliano pediu pra galera deixar um deles descer na onda, pois como médico, tinha que socorrer um boadyboarder da barca deles. O impacto com o coral foi tão grande, que atravessou o pé-de-pato do cidadão. O clima na água ficou emocionante. Peguei poucas ondas e foi minha pior bateria. O barco navegou pela noite inteira. Saímos do Sul para a região de “playground” no norte. Swell indo embora, atracamos em Nipussi pela manhã. Olhando a onda de trás, você tem certeza que está 1,5m de frente. Mesma coisa de Thunders. Dessa vez, ouvi o argentino e coloquei a 6’6’’ (prancha) na água. Sempre vinha uma onda lá atrás que “varria” todo mundo. Ainda bem que vinha umazinha apenas. Surf bom e tranquilo. Fundo. No dia seguinte, acordamos com o baiano gritando dentro do barco: “meu irmão, tem que ver a série que está Rolando em BANKVAULTS! Que tubo!!!!!! Era hora de tirar a 6’8’’ da capa de viagem. Apenas metade do barco pulou na água. Direita mais pesada da viagem. Cinco goofies (Renato, Renatão, Dudinha, Pedrinho e eu), contra três regulars (Zardo, Playson e baiano). Não demorou muito, para eu descobrir que a coisa estava feia. Séries de quase 4m de parede (2,5ão). Remando pelo canal, vi o baiano tirar um tubão com as mãos para o alto! A cara dele na hora da cavada, antes de encaixar no trilho, era de pura adrenalina e concentracão. Comecei comendo pelas beiradas. Entrou uma série que pegou todos que estavam no outside. Por sorte, estava eu, voltando de uma onda intermediária. Peguei a espuma bem menor. Mas, sacudiu bastante. Estava bem fundo, descobri. Dudinha tomou ela na zona de impacto. Largou a prancha, e ficou sem ela. O bote o levou para resgatá-la. Um dos nossos saiu da água sem pegar nenhuma onda. E era um dos mais “cascas”. Disse ele, que viu um tubarão…quase saindo, levei uma série que me trouxe no repuxo. O caldo foi longo. Depois veio mais outra, e não consegui segurar minha prancha embaixo d´água. Quando vi que o ar estava escasso, peguei impulso com o pé no coral, e subi rapidamente. Corte de leve, mas coração saindo pela boca. Estava eu na montanha K2, parecia. No final das contas, as fotos valeram o perrengue.

A sessão de fotos antes do jantar foi uma zoeira só! Quem entrou, não se arrependeu.

No dia seguinte, acordamos com o argentino, com seu paulistês carregado, gritando: “Meu, “cês” sãn lôôôcooos…dormindo…? Acorda, moçada, RIFLES tá bombandooooo”. E estava mesmo! O nome já diz tudo. A direita abre um braco longo que parece um rifle. Várias sessões na onda, incrível. Tinha uma mulecada da quicksilver da europa, que tirava uns três tubos por onda. Animal. E eu, brigando com minha mão-na-borda, e meu backside. Fiquei 5 horas na água. Lembrei quando tinha 15 anos, e ficava direto no mar. O visual era show. A onda era Linda. Aproveitei para surfar sem camisa e pegar um solzinho. Aliás, estava um maçarico! Voltei pro barco e busquei a camisa de lycra. No ultimo dia, rifles diminuiu e voltamos pra Nipussi, que sempre tem onda, incrível.

Fizemos uma vaquinha, cada um dando 100 dólares, e demos para os 5 indonesianos. Os caras ficaram radiantes. Brasileiro tem fama de não dar gorjeta. Ainda levaram óculos da Oakley, camisa, Bermuda, etc. Os caras mereciam! O cozinheiro arrebentava. Todo dia um rango diferente! Cerveja, coca-cola e sucos sempre gelados. Tentava entrar na água remando, e lá vinha o piloto do bote par ate pegar no meio do caminho. O homem-de-convés pegava sua prancha na chegada e a guardava no local certo. O capitão colocava o barco onde era preciso. Sem economia de diesel ou papo-furado.

O ramadã acabou um pouco antes do fim da viagem. Os caras sofriam. Sem comer e beber enquanto o sol raiava. Para compensar, passavam a noite inteira comendo. E o “noodle” rolava às 6h da manhã, ainda escuro. Meu estômago se revirara ao sentir aquele tempero de manhã!

Mantive contato com Valesca e Rebecca através do telefone de satélite do barco.

A Mentawai são compostas por mais de 1000 ilhas.

Das ondas famosas, ficaram faltando: Hideaway, E-Bay. A-frame.

Esse filme há de continuar.

Peguei o contato do barco, alguém se habilita?

Valesca fez a seguinte proposta: se eu me converter ao judaismo, posso ir todo ano!

Shabat Shalom!!!!!!!!!!!

G

Viagem ao Japão!

Trip to Japan!

 

 

Nunca havia marcado uma viagem à trabalho com tanta antecedência. Os bilhetes tinham sido emitidos há dois meses atrás. Estava aprendendo com nosso cliente japonês. Planejamento feito, agenda das reuniões listadas, itens e soluções bens discutidas, economia na passagem com compra antecipada, etc. O Japão que tanto influencia o mundo com seus costumes, história e indústria. Quem nunca ouviu falar de Judô, Sushi, Samurai, Shogun, Karaoke, Sony, Toyota, Honda, Hiroshima, Kawasaki, Panasonic, Trem-bala? Até que um vulcão na Finlândia entrou em erupção e estragou a bela programação. O voo estava marcado para 2a-feira às 7h da manhã. Seguindo, atentamente, o paradeiro da nuvem de cinza vulcânica, estava relaxado, esquiando no domingo anterior ainda sem fazer a mala. A viagem ao Japão estava sob risco. Três dias de angústia. Conseguimos embarcar na 5a-feira de manhã, e 1h depois que saimos de Ålesund, o aeroporto fechou. Conexões rapidíssimas em Oslo e Zurique, até a chegada em Tokyo. Vim revendo o filme mais visto da História do cinema (Avatar) e tomei minha primeira cerveja japonesa da viagem: Sapporo. Recomendo a compra de um headphone com anti-ruido! Sensacional! O avião ainda estava taxiando e eu já estava impressionado. Aeroporto gigantesco (Narita). Mal saimos de bordo, já tinha uma representante da companhia aérea com nossos nomes num papel. Mostrando-se muito envergonhada e sentida pelo acontecido, informou que nossa mala ainda estava na Suiça. Levamos tempo preenchendo tanta papelada e perguntas. As malas chegariam no mesmo voo do dia seguinte, e em 6h eles não seriam capazes de mandar nossa mala para o hotel, antes de fazermos nosso check-out. Achei estranho. Mandariam direto para Kyoto. Engraçado foi a cara dela de chocada, quando meu amigo respondeu que tinha peixe na mala dele. E na minha tinha garrafa de Aquevit para presentearmos os japoneses. Nosso cliente estava nos esperando do lado de fora. Ainda bem. Pegar um trem sozinho até o centro iria lever bastante tempo. Segundo susto: no Japão a mão de direção é "Inglesa"! Não tinha a menor idéia. A essa altura, estava dificil manter os olhos abertos, por causa do fuso de 7 horas. Num seven-eleven, compramos o kit de sobrevivência básico na conta da Swiss Air. Check-in no hotel às 11h (onde pagamos extra por ter feito check-in 3h antes do horário normal). Destaque para o vaso sanitário high-tech (ver foto). Banho rápido e a primeira refeição na Terra do Sol. Um chá verde (gree tea) foi a primeira coisa que nos serviram. Depois sopa, coca-cola e bife grelhado na chapa!! Restaurante típico de almoço "executivo" (rápido). Rapidamente, já estávamos em outro trem, a caminho da Sea Japan (feira de equipamentos navais). Valeu a experiência. Kawasaki, Daihatsu, Mitsubishi. Bem pequena se comparada à Nor-shipping e SMM. Pedi ao japonês para nos levar numa loja da Apple. Fomos à "cidade eletrônica". Nem em Tokyo o iPad havia chegado, incrível! Pensei que fosse problema típico de Ålesund. A loja da Mac ficava em Ginza. A rua lembrava o Champs Elysées com todas as grifes. Passamos por um bar onde "os japoneses se encontram após o trabalho para falar mal do chefe". Tirei uma foto rapidamente. Veio um cara gritando lá de dentro…hehehe. O japonês nos levou para jantar num típico restaurante de sushi. Finalmente! Tirar os sapatos é obrigatório. Mas não se preocupe, porquê na hora de ir ao banheiro, tem um chinelinho te esperando! Eu fotografava tudo! E também comia todos os diferentes tipos de peixes e frutos do mar que ele nos apresentava. Aprendi que a propriedade da água local, com poucos minerais, faz uma grande diferença na qualidade da preparação do arroz do sushi. Junte isso à técnica que eles tem no cultivo do arroz, adicione peixes frescos, obtêm-se um sushi nota 10. Para substituir essa "água mágica", a melhor opção é a marca francesa "CEVIC". No restaurante não tem guardanapo. Usa-se uma toalha quente e molhada. E sushi come-se com as mãos! Sashimi (peixe crú sem o arroz) e outros pratos é que se comem com o hashi (chop sticks). Brindamos diversas vezes: "Kampai". O Saquê estava descendo "Redondo". Excelentes cervejas: Sapporo, Kirim, Santory e Asahi. A bateria estava praticamente descarregada nesse momento. Voltamos ao hotel, e para nossa sorte, não conseguimos vaga nos passeios turisticos do hotel. Resolvemos tomar café-da-manhã às 8h para aproveitar o dia. Nunca havia enfrentado fila para tomar café. Meu estômago achava que era 1h da manhã. Para confundí-lo, ainda mais, depois do tradicional café "americano", ataquei um rango japonês: arroz, carne com curry, nuggets e anti-ressaca (coca-cola). O metrô de Tokyo é composto por diversas linhas. Visitamos o templo de Asakusa. Tokyo tem apenas 20 milhões de habitantes, fora os turistas. Cinco vezes a populacão da Noruega. Aliás, imaginem um país do tamanho de Curitiba, com 120 milhões de habitantes. Muita gente. Dali, partimos para o Castelo Imperial. Inacreditável o contraste visual dos arranha-céus com o templo. Época boa: estação das "cherry-Blossoms". Dali, governava o japão o Shogun. Diversas entradas/acessos, com diversos check-points, guardadas pelos guerreiros samurais. Quem estava odiando a viagem eram meus pés. Amassados pelo meu sapato de couro, pois o tênis estava na mala perdida. Ainda deu tempo para um franguinho à milaneza. Estávamos "on schedule" na estação Shinagawa, prontos para embarcar no shinkansen, famoso trem-bala. O sistema japonês deu show no TGV francês. Marcado no chão e na tela acima, estavam o número do vagão, que vai parar ali na frente com precisão de centímetros. Pontualíssimo! Estávamos indo de Tokyo para Kyoto, berço da culinária e tradições japonesas. Abro um parêntesis para agradecer ao vulcão da Finlândia, pois iriamos para Osaka no roteiro original. Kyoto foi poupada pelos bombardeios americanos na grande Guerra. Milhares de templos e "Shrines" (portais) de séculos atrás. O japonês (Tsuruoka-san) nos encontrou dentro do trem. Check-in no hotel mais caro da viagem, que ficava do lado da estação. O japonês organizou tudo, impressionante. Perguntei sobre internet wireless na recepção, e recebi um pacote com um modem, cabos e fonte! Perguntei a mim mesmo onde estava a tecnologia japonesa…Caiu a noite. Era hora de mais uma degustação. Devido ao sucesso na noite anterior, onde 100% do que nos foi servido agradou, decidimos arriscar num mega-combinado, não só de sushi-sashimi. Tinha de tudo. Formatos, cores, têxturas e gostos indescritíveis. Alguns bons, outros nem tanto. Adotei a tática de reservar os sashimis de atum para sobrepôr as experiências terríveis. O campeão da desgraça foi um pudim/sopa de ovo com peixe. No domingo, mesmo esquema do dia anterior: café cedo e pé no trem. Metrô de Kyoto era brincadeira de criança perto do de Tokyo. Fomos ao Nijo Castle, de onde foi governado o Japão por anos. Não era possível fotografar os ambientes internos. Contruções belíssimas. Na esquina do castelo, uma loja vendia espadas de samurai. Chegavam até R$ 20.000,00. Vendia-se cópias com preços mais acessíveis, mas não sei o que a alfândega de Oslo iria achar. Tinha também estrelas de ninjas! Preferi não arriscar. Resolvemos pegar um taxi até o templo Kinkaku-ji (golden palace). Saindo da Noruega, até o Japão é barato. Show! De qualquer maneira, meus pés estavam pagando o preço que fosse. Ainda mais, divindo com meu camarada norueguês, Vegar. Sem dúvida, foi a melhor atração turistica da viagem. Cenário de filme. Outro táxi para o bairro de Gion, famoso pelos templos e pelas gueixas. Famintos, escolhemos o restaurante dos grelhados. Aliás, na porta dos restaurantes tem fotos ou pratos com comida plástico, para ajudar os turistas. Quem acha que no Japão só tem peixe-crú está por fora…comemos picanha! Isso mesmo! Quanto tempo! Chegando ao hotel, encontramos nossas malas. Iida-san (gerente de contrato do estaleiro japonês) nos aguardava no lobby do hotel. Tomamos um whisky japonês (Santory 12 anos). Tipo Scoth, bem suave. Pegamos outro trem: Kyoto-Maizuru. Do trem, com mala e tudo, fomos jantar numa "churrascaria" japonesa. Aliás, estilo coreano, disse ele. Carvãozinho no centro da mesa, junto com as carnes fatiadas. Contra-filet, lingua de boi, filet mignon, maminha. Com dois molhos à base de shoyo. Um mais apimentado, outro suave. Bom demais. Voltamos cedo para o hotel, e num estado etílico tranquilo.

Enfim, hora de trabalhar. Chegamos ao Estaleiro às 8:30h e fomos recebidos na entrada por Iida-san. Nem crachá, nem registro, nem perguntas. E olha que eles estão construindo e fazendo diversos reparos para a marinha japonesa. Recebemos as boas-vindas do presidente do estaleiro, que veio nos dizer pessoalmente a importância da construção desses barcos offshore (PSV) para a Universal Shipbuilding Corporation. Fizemos uma visita pelo estaleiro. Impressionante a limpeza e organização. Com mais de 100 anos de existência, mas com boas instalações. O dique-seco foi construido pela marinha nos anos 40, na intenção de construir navios de guerra capazes de atravessar o canal do Panamá, com o objetivo de bombardear New York! Perguntei quantos porta-aviões possuia a marinha deles e a resposta foi surpreendente: nenhum. Os EUA não nos autoriza possuí-los! Parte do tratado pós-guerra. Aliás, os americanos de lá não sairam até hoje. Tem 3 bases navais, e o acordo prevê que eles sejam responsáveis por defender o Japão em caso de qualquer ataque! Imaginei o barulho que isso faria se no Brasil também tivéssemos base da marinha Americana…o japa me disse que, se eu quisesse garantir uma estada mais longa no Japão, era só tirar foto dos navios da marinha que estavam no estaleiro. Segui o conselho, sem stress. A construção naval brasileira foi moldada baseada no estilo japonês. Fui, finalmente, conhecer o "acabamento avançado" (onde todos os tubos, bases, e equipamento são instalados nos blocos, antes da edificação). Só conhecia "de boca". Aliás, as chapas de aco já são cortadas prevendo os tubos. Depois do lançamento do navio (53 dias no dique), vão entregar o PSV-09 em 5 meses. Achei meio otimista, mas não quis colocar água no Sakê do japonês. Isso significa lancer 20.000m de cabo por mês! Quase 1,000 por dia. Apostei com o norueguês que isso vai ser o caminho crítico da obra. Bom, chega de papo de estaleiro. À noite, eles organizaram um jantar/festa para a gente. 20 japoneses e nós dois da STX. Três mesas e nenhuma cadeira! Buffet com comida quente, sushi, sashimi, cerveja, sakê. Discurso daqui, discurso dali. Até que pintou uma macarrãozinho, tipo sopa, que você tinha que sugar com força, fazendo barulho! Meio sem gosto. Até o vinho tinto japonês era bom. Para não dizer que tudo era bom, o pão era uma M! O chá verde também. Amaaaaaaargoooo. Mesma rotina no dia seguinte. Reunião de 8:30h às 17h. Fomos jantar num restaurante de sushi. Ao lado da mesa, passa uma esteira com diversos tipos de comida local. Era só pegar. Na hora de pagar a conta, você paga pelo número de pratos. Mas também pode pedir "à la carte". Quer dizer, "à la tela". Você clica na tela do monitor afixado na mesa, escolhe a iguaria/bebida e digita quantidade, e OK. Em minutos, na esteira de cima, chega um prato, que apelidei de trem-bala. Você pega seus pratos e aperta um botão, fazendo que o trenzinho retorne. Vejam video! O movimento é magnético. Jantamos por mais de 2h. Depois disso, chegou o motorista do presidente, num carro preto, tipo máfia japonesa, nos levou para Osaka. Do banco de trás, mudávamos o CD, o volume, o ar-condicionado, etc. Belo fim de viagem. Definitivamente, o Japão é um lugar que deveria ser visita obrigatória! A única coisa interessante que aconteceu no hotel do aeroporto de Osaka, foi a leitura do procedimento em caso de terremoto! Não saia do quarto, atenção com objetos que possam cair na sua cabeça, acompanhe notícias pela TV, e não pegue o elevador. E às 6h da manhã, iniciamos o retorno: Osaka/Tokyo/Copenhagen/Oslo/Ålesund. E o Avatar novamente na telinha do avião.

 

 
FOTOS com legenda:
 
 
 
 
Abraco!

Journey to Cochin/India: amazing experience

Journey to Cochin / India  - Amazing experience
 
 

E lá estava eu, sentado no avião da SAS às 7h da manhã de sábado, iniciando a odisséia para a India. Diferente do navegador Vasco da Gama, não estava indo ao encontro das especiarias, e sim de uma visita ao nosso estaleiro cliente. Após o anúncio de um problema no indicador de freio da aeronave, fomos todos obrigados a desembarcar. Quase perdemos a conexão em Oslo. Conseguimos desembarcar, faltando 10min para a partida do próximo avião. Chegando em Londres, outra conexão apertada. Dirigimo-nos ao portão de embarque. Tinha um avião novíssimo da Singapore Airlines no portão de embarque ao lado. Um airbus A380. O maior e mais moderno avião da atualidade. Bateu aquela inveja. Fiquei imaginando como seria seu interior. Dois andares por todo o avião. Não demorou muito, e chegou nossa hora de embarcar. Só  dava para enxergar a cabine do nosso avião da Emirates. Mais estava lá, escrito, bem abaixo da janela da cabine de comando: A380. A viagem que começara mal, mudava de rumo naquele momento. Que avião! The future has arrived (Emirates marketing). Eram 88 filas de 10 assentos cada. Tripulação de 26 pessoas. Celular em cada assento, telefone interno e internet à bordo (a pagar), cabo USB, tomada para laptop, etc. Espaço para minhas pernas enormes. Nada como uma comida árabe para saciar a fome, que era do tamanho do avião naquele momento. Fomos bebendo cerveja até Dubai. A tristeza foi rodar aquele aeroporto inteiro e não encontrar mais uma gelada à venda. Estávamos na terra dos muçulmanos. Após 20h de viagem no total, chegamos a COCHIN. Exatamente onde chegaram os portugueses há mais de 510 anos. O trânsito não era tão caótico quanto no Vietnam. O Estaleiro Indiano fez nossa reserva no Hotel Le Meridien. O cansaço era grande, mas não pude resistir àquela convidativa piscina com sol e 30 graus de temperatura. Os "Norugas" foram dormir. Azar o deles! O buffet do almoço do hotel era surreal. Inúmeras opções de pratos típicos da India. Confesso que sou fã da culinária local. O hotel oferecia um passeio de barco de 1 hora pelas "backwaters". Um lago bem longo por detrás do hotel, cercado de coqueiros e palmeiras por todos os lados. Davam um ar de paraíso, naquele pobre local. A água era escura, talvez poluida, mas não tinha cheiro, e o passeio foi tranquilo. Partimos, então, para um passeio turistico. Visitamos o forte cochin, construido pelos portugueses, e as redes de pesca chinesas, e a tumba do Vasco da Gama. Sabia que o time do vasco estava na pior, mas não sabia que tinha sido enterrado (sic). Jantamos por lá, e voltamos para o hotel cedo. Até que resisti bem. O fuso horário era estranho: 4½h.

Acordar às 7h foi duríssimo! Mais dura ainda, foi a segurança para entrada no Estaleiro. Cadastro na entrada com passaporte (visto de trabalho exigido). Cameras fotográficas retidas. Recebe-se um registrol com sua foto e as áreas com acesso permitido. A entrada do estaleiro é patrulhada com guarda armada de fuzis, e o fundo do carro é inspecionado (anti-bomba). A paranóia com a seguranca é acentuada, devido à construcão atual do primeiro porta-aviões para a marinha da India. O casco está sendo finalizado no dique-seco. Servirá para ajudar na patrulha da longa costa contra os terroristas. No último ataque do terror, ocorrido em Mumbai, a entrada ocorreu pelo mar. Explodiram uma bomba e mataram quase 150 pessoas no luxuoso hotel Taj.

O estaleiro é enorme! Trabalham cerca de 2500 pessoas no momento. Dispõe de dois diques secos (300 x 40m), que ainda podem ser bi-partidos. Tinham 11 navios de apoio offshore no cais de acabamento (projeto Rolls-Royce UT-755).  No outro dique, estava docado um petroleiro da marinha indiana. São certificados pela ISO 14000.

Os indianos são pessoas bem legais, além de muito competentes. Na cidade de Cochin, A distribuicão religiosa é a seguinte: metade das pessoas é Hindú, 30% muçulmano, e 20% católica. O povo de Cochin é bem religioso, mas não tão ortodoxo em relação aos preceitos do hinduísmo. Achei que nunca veria carne de boi servida nos restaurantes, mas surpreendi-me com a informação que muitos deles comem carne.

O estaleiro é 100% do governo da India, o que burocratiza demais o processo de compras. Pastas de papel passando de mesa em mesa, com o processo inteiro, coletando as devidas assinaturas. Estão sempre sujeitos às auditorias do governo, ministério e outros orgãos governamentais. Tudo tem que ser by the book. Ficaram surpresos em saber que eu era brasileiro. A maioria nunca tinha encontrado um sulamericano. Demonstravam bastante conhecimento sobre nosso futebol, apesar de não fazer parte dos esportes preferidos da India. Perguntaram o que eu estava achando da India, e fui sincero quando disse estava gostando bastante. Disse que a India estava bastante popular no Brasil, e que Yoga, meditacão e vegetarismo eram bastante difundidos no Brasil. Ficaram bastante surpresos.

Antes da minha viagem, todos os feedbacks que tinha recebido eram de que a India não era um lugar legal. Muita pobreza, falta de saneamento, comida extremamente apimentada. População absurda de 1,4 bilhões de habitantes. Fui com muito receio e com a expectativa muito baixa. Como sempre, quando não espera-se nada, a viagem surpreende. Um dos indianos fez uma associacão interessante: "quando o casamento se dá por amor, a expectativa é alta, e o resultado às vezes decepciona. Ao contrário dos casamentos arranjados, típicos entre os hindús, cuja expectativa é nula, e acaba dando certo".

Na hora do almoço, retornamos ao hotel para comer, por sugestão do Estaleiro. Imagino a comida da cantina do estaleiro, como deve ser apimentada. Uma coisa é "apimentada" para turista. Outra coisa é para os locais. Acho que nos mata. Depois de mais reuniões, deixei a mala no hotel, e parti direto para o maior shopping center da cidade. Como comprador, não poderia desperdiçar a oportunidade num "low-cost-country". Sucesso total.

Mesma rotina na 3a-feira: reuniões. Na volta ao hotel, fui testar o spa. Uma hora de massagem geral. Nome complicadíssimo, que nem me arrisco em tentar lembrar. Mulher faz massagem em mulher…

Um dos pontos altos da viagem foi o jantar com o cliente (DOF). No resort Taj, o restaurante RICEBOAT é parada obrigatória. Sua especialidade é frutos do mar. A carta de vinho era requintadíssima. Tinha até Chateux Rothschild. Tudo perfeito: entrada (tiger prawn, caranguejo inteiro empanado e lula), diversos pratos (peixes variados com diversos molhos, junto com lagosta à termidor com champignon), vinho de Bourgogne (Pinot Noir) e um suflê de côco de sobremesa. Classificou-se diretamente entre meus TOP 5.

Novas reuniões na 4a-feira, seguidas de uma volta pelas instalacões do estaleiro. De volta ao hotel, ainda deu tempo para uma aula de Yoga antes do jantar. Check-out e rumo ao aeroporto. Horário horroroso para a volta (4h). Um controle para partidas internacionais fora do normal. Desde o estacionamento, já comecam a pedir pela sua passagem. Passaporte e passagem antes de entrar no prédio do aeroporto. Outra parada antes da área de check-in. Raio-X na mala antes do check-in. Check in, seguido de mais 5 paradas antes de entrar no avião. Incrível. Companhia aérea nota 10 essa EMIRATES! O trecho Cochin-Dubai-Frankfurt-Oslo-Ålesund foi feito em 28 horas. Só mesmo o grito de PAPAI, seguido de um beijo e abraço da filha e da esposa para recuperar minhas energias! Incredible experience!

 

Fotos:
 

 

 

Maldivas: Relato da SURF Trip

P


Maldivas


Lohifushi island

            Após conexões em Oslo, Estocolmo e Doha (Quatar), finalmente, chegamos às Maldivas. Vizinha da Sri Lanka e da India, situa-se no Indian Ocean (errôneamente denominado de Oceano Indico pelos experts portugueses, onde deveria-se chamar oceano Indiano, ou Indio, ou quem sabe Indígena). São quase mil ilhas dividas em diferentes atóis. Hospedamo-nos no arquipélago Male Norte, na ilha FUSHI, no Hudhuranfushi Resort (antigo Lohifushi). Em 2004, o Resort recebeu a visita inesperada do Tsunami. A ilha fica à cerca de 40 minutos de lancha da ilha do aeroporto. Fomos recebidos pelo representante da agência, que nos encaminhou para a lancha do hotel. Recepcão tipica de resort, com direito a boas vindas, suquinho e muitos sorrisos. Ficamos em um bungalow de praia, e pela duração da caminhada até o quarto, descobrimos que o resort era enorme, e que o nosso era o de número 175. Em ritmo intenso e passadas largas, no mínimo 5 minutos de caminhada. Menos mal que carregaram as malas e as parnchas, mas ruim que demoraram demais para chegar ao quarto. O carrinho da Rebecca chegou intacto, mas não foi feito para andar em terra ou areia…Eram mais de 17h e após descobrir onde era a area de surf, constatei que não havia ninguém surfando. Tinha bastante onda, mas o vento maral e a correnteza estavam fortes. Demos um pulo na piscina, que estava vazia, mas era boa. O buffet do jantar agradava aos que apreciavam a culinária Indiana, muito curry, pimenta e tempêros. Carne de porco é proibida, mas tinham outras boas opções. Sobremesas variadas. Rebecca conseguiu sobreviver na base do arroz, franguinho, peixe grelhado, Valesca não se fartou. Os preparativos foram bem feitos pelo hotel, com direito à cadeirinha para a Rebecca e tudo! O chopp era bom. Detalhe que os hotéis possuem licença especial para a venda de bebidas alcóolicas, visto que a religião oficial é a muçulmana. O Hotel tem um SPA bem legal. Diversos esportes aquáticos, mas o SURF é o forte, já que é um dos dois únicos resorts que possuem onda com acesso restrito aos hóspedes (esquerda excepcional chamada LOHIS). O outro é o Hotel Dhonveli com a esquerda Pasta Point. Esse, então, restringe a quantidade de surfistas em 16. E vc tem que pagar mais 150 doletas por dia por surfista, com direito ao uso dos barcos. O resort é mais luxuoso, mas achei que não valia a pena. Ainda peguei dicas com o Sérgio, com o Renato e outros. Fechei no antigo LOHIS.

SURF

            Tive o prazer de surfar todos os 10 dias, com direito a duas caídas diárias. O recorde foi três num dia inesquecível. Caídas que variavam de uma a duas horas, com cerca de 10-15 ondas surfadas. O Swell se fez presente durante toda a viagem. Aliás, acho que nunca fica Flat por lá. Nos dias "menos bons", havia ondulação, mas o vento maral atrapalhava um pouco. Rolava aquele impasse "caio ou não caio", mas era só lembrar da pouca frequência do surf norueguês, ou da quantidade de mares piores que surfei na minha vida no Brasil, que em 5 minutos, lá estava eu no outside. A esquerda é longa, bonita e deliciosa. Existe um deck, onde as pessoas ficam sentadas nas cadeiras e mesas para acompanhar o surf, regado à bata frita e chopp. Como surfo o ano inteiro de botinha, e já que surfista bom não usa botinha, pq atrapalha o movimento dos pés sobre a prancha, decidi não utilizá-las. Ainda mais que a minha era de "cano longo", que ficam cheias d´água, e são mais utilizadas para águas frias brasileiras, do que para surfar em reefs (sapatilha). A entrada é, relativamente, fácil. Pisando com cautela nos corais, entrando pela rampa abaixo do deck. Até na maré vazia é possível. Descobri pelo pior jeito que a saída tem que ser preparada. Aquela estória de pegar uma onda longa e decidir sair logo após, simplesmente, não rola! Você tem duas opções: voltar ao pico, de preferência bem à esquerda do deck, dropar uma, colocar reto, deitar na prancha e sair pela rampa, ou então remar por fora para sair pela prainha do SPA. Quem está de bota não passa esse perrengue. Muitos a utilizam. Acho que não compensa. Melhor surfar mais livre e sair com alguns cortes no pé. Os adeptos dizem que dá para acostumar, igual camisinha, mas para mim, parece fazer snowboard com bota de esqui, ou então jogar futsal de sapato. Bom, como eu estava contando, num dia com "certo tamanho", às 7h da manhã, sem ninguém na água, resolvi entrar junto com o Mariozinho. Entrei remando forte e cheguei rapidamente onde eu achava que era a arrebentação. Subiu a primeira série e me mandou de volta para a zona de impacto. Voltei novamente, fiquei escolhendo onda, e subiu uma série com mais de 6 pés, de quatro ondas, que nos varreu, e nos expulsou. Fomos parar na bancada de corais, e ficamos ilhados com 30cm de água somente. Só havia um caminho: andar pelos corais até a praia do SPA. Quando meu pé não aguentava mais, liguei o "foda-se", e resolvi deitar em cima da prancha e sacrificar as quilhas. Sai mais rápido. A sorte é que os coráis não são infecciosos como Tahiti, Ilha de Reunião e Bali. As quilhas aguentaram bem, mas o fundo da minha prancha parecia ter levado 2 tiros de revólver. Minha melhor prancha, a mais solta (6´2´´) tava fora de jogo. Ainda bem que o mar manteve o tamanho, e ainda chegou a subir. Fiquei surfando com a 6´3´´, que respondeu bem. Na Lohis não precisa prancha grande. Ralei o joelho quando a última da série me encontrou no inside, onde não dava para dar golfinho, depois fui girado e dei uma porrada de leve com o cox. Cortei o pé direito de leve por cima, e alguns cortes pequenos nas mãos, e embaixo do pé. Fui tomar café da manhã muito puto. Quando a maré começou a subir, as condições melhoraram. Voltei para a água por volta de meio-dia. Peguei algumas ondas, mas levei mais na cabeça que outra coisa. Sorte que não é tão raso, e que o lip não é tão grosso. No fim de tarde preferi não cair, pois já tinha me fudido o suficiente (desculpe o termo). Ao abaixar minha cabeça, escorria água do meu nariz…kkkkk.  
            O Line-up é bem diversificado. Tinha uma galera de umas oito pessoas de Israel, alguns australianos e uns gatos pingados da Alemanha, Espanha e França. Em maior número estávamos nós brasileiros. Esse fato chamou a atenção, principalmente pelo desenvolvimento do nosso pais. Acho que não havia nenhum Americano. Num bate-papo de outside, o Alemão perguntou de onde eu era, e após eu respondê-lo, ele se disse surpreso pela quantidade de brasileiros no local (éramos 17 surfistas, mais acompanhantes). Respondi…"very rich Country, you know…"..hehehe. O nivel dos surfistas era normal. Tinha um astraliano muito bom, que dropava as maiores e jogava muita água nas rasgadas, mas os mais rápidos e soltos eram os brasileiros. Do RJ somente o João e eu. Da Bahia uns 4, de Fortaleza um, de BH unzinho e a maioria era a paulistada (todos bem maneiros).
Como muita gente compra o pacote de surf, a onda do hotel não fica muito “crowdeada”, pois sai um barco para o norte, e outro para o sul, todo dia, às 9:30h e às 15:30h. Quem já pagou pelos barcos, quase sempre vai à bordo checar as direitas e os outros picos. Eu não fui nenhuma vez. Soube que tem muita onda boa, de tudo quanto é jeito, mas meu esquema não permitia, já que eu tinha que aliviar minha esposa Valesca com a minha filha Rebecca, e também por me satisfazer plenamente com a esquerda do hotel. Custa 38 dólares por session de barco se vc quiser comprar na hora. Quem comprou o pacote de surf, tem a pulseira verde, e tem prioridade no embarque. Se não conseguir lugar no barco, pode pedir que o jet-ski leva até à direita Ninjas, que dá para ver do deck.



O deck é perfeito para as filmagens e fotografias. Tem tripé com câmera para tudo que é lado. O maneiro é que a galera se filmava, e que depois rolava a partilha do material após o jantar. Como a Rebecca ficava dando aquela canseira na Valesca, minhas ondas foram pouco filmadas. Felizmente, Valesca conseguiu filmar algumas, driblando Rebecca. Aliás, sou sortudo apenas por estar na água. Rebecca usa pilha duracel, impressionante. E sua diversão era jogar pedaço de coral no mar, de cima do deck. Atenção total com a pequena!

Normalmente, eu fazia uma bateria às 6 e pouco, quando a maré não estava muito baixa (opção às 10h depois do café), e outra no final de tarde (eram as melhores).

O paulista Cadú conseguiu um tubo alucinante na sessão do inside, em onda que eu deixei passar. A onda sabe quem ela escolhe…hehehe. Aliás, minha inexperiência em tubos é grande. Nunca surfei esse tipo de onda, e ficar vendo tubo em DVD e foto pouco acrescenta. Tem que ter reflexo. Numa das minhas melhores ondas, enquanto eu fazia a cavada, preparando a manobra, a onda bateu na bancada e o lip abriu o tubo para mim. Meu reflexo foi abrir ainda mais a cavada. Passei por fora do tubo. Inacreditável. Senti vontade de me matar, PQP!
Á esquerda do deck, quebra uma onda mais lá fora, tipo de vala do meio da Barra no RJ. Vc vem fazendo ela, até ela acelerar no inside. Gostei mais da onda de frente do deck, que quebra mais rápida, e que abre uma pista de corrida. Dá para acelerar bastante; entubar (pra quem sabe); fazer uma manobra final; passar ela toda, etc.
Comentei com um brother que dava para fechar com um floater, tranquilamente, por causa do boa profundidade. E ele me respondeu: “Pra quê? Vale a pena? Vai remar mais na hora de voltar e ainda arriscar. Achei a dica excelente. Numa onda longa e boa dessa, floater para quê, meu xapa? J
Achei esse esquema do resort sensacional. O fato de não precisar pegar carro, barco ou atravessar a rua para surfar é demais. E a onda está ali. Não quer cair agora, espera um pouco. Tá muito sol? Tudo bem. Crowd? Espera a saida do barcos.
A cor da água é alucinante. Cada golfinho (duck-dive) de olho aberto é mágico. A visão dos coráis e peixes parece filme de surf mesmo. Água quentinha!


Nem precisava fazer snorkel, apesar de muito recomendado. No outside, vimos tartarugas, peixes de todas as cores imagináveis, peixe-espadas, arraias e até golfinhos num fim de tarde. Eles vinham junto com as ondas. Incrível. Numa vez, ao sair da água, uma moréia pequena ficou presa em cima da pedra, ilhada…o mar bateu e ela foi embora tranquilamente. E eu, respirei aliviado.


Na primeira semana rolou surf de alta qualidade. Nos dias grandes e bons, aquela esquerda era um espetáculo. Para quem via e para quem surfava.
Rolava respeito dentro d´água com o pessoal revezando no pico. Sempre tem uns espertos, né?


Senti que rola uma interpretação de prioridades diferente entre brasileiros e gringos. Para gente, quem estiver mais no fundo, tem prioridade em relação a quem estiver mais para o inside, mesmo o Segundo estando mais para dentro do pico (atrasado, mas “deep”). Posso ter me enganado, mas senti isso algumas vezes. Será que é regra de beach break brasileiro? Aconteceu comigo, e eu botei para baixo lá de fora, e o gringo voltando, virou e entrou na onda tb. Eu fui embora, e nem olhei para trás. Na volta, o pai dele falou que não era ”fair”, e o muleque veio me dizer que eu não podia fazer aquilo..hahaha. Rolou um bate boca rápido. Os brazucas me deram razão, e os gringos ficaram com o muleke. Quem não vê o inicio da onda, acha que eu mandei mal. No mesmo dia rolou a mesma situação com o mesmo muleque, só que às inversas! Eu vim remando por dentro, gritando: Revenge, revenge?!?! E liberei para o muleque, e ficou tudo “na boa”.


No Segundo maior dia, fiquei sozinho embaixo do pico, meio atrasado, na hora da série, e não tinha como eu deixar passar. Ia ficar feio demais. Botei para baixo e, literalmente, despenquei. Torci para que tivesse alguém vindo por dentro..hahaha. Faz parte. Ainda bem que é fundo.
No últimos 3 dias, entrou um ventinho maral, que se recusava a ir embora. Para nós, brazucas, nada que impedia a “caída”. Às vezes, vc se vê mal acostumado, depois de tanta onda boa, e cogita a possibilidade de não surfar. Aí, eu puxava minha memória de surf forçação de barra, e pulava dentro da água.
Consertei a 6´2´´, mas ela não viu mar glass mais…
Tentei ficar mais 3 dias, mas o hotel estava lotado. Quando decidi fazer o sacrificio de mudar para os overwater bungalows, descobri que minha passagem não permitia trocas.
No ultimo dia, comprei uma prancha AEROFISH 5´11´´do Cadú. Toda prateada e feita de epoxi, vai ser minha ferramenta aqui no verão norueguês. Boa remada e soltinha.
Deixamos a ilha, mas o maral ia ficar por mais uns 5 dias.
Quer saber? Na verdade, nem precisava surfar. A família, a atmosfera, o visual, a magia do lugar a sua volta, os brothers, o fundo do mar, água quente e até aquela água salgada (em demasia) já seriam o bastante. Mas, imagina isso tudo com onda boa?!?!?!? Para surfar, achei nota 10, uma das melhores trips. Trip paradise! Só perde para o Tahiti no quesito magia.
A dica da galera de Israel é ir para o resort mesmo, pois os barcos acessíveis não estão em boas condições (ar-cond quebrado nos quartos, banheiros sinistros), além do crowd intenso nos picos.


Qual sera o próximo novo destino de surf?


Meu CV está aumentando…Ilhas Canárias (Lanzarote), Panamá (Bocas), Costa Rica, França (Biarritz, Hossegor), Espanha (Zarautz), Noruega, Ilha de Reunião, Ilhas Mauritius, Tahiti, Moorea, Maldivas. Estou ficando nojento! Huahuahua.




Rebecca subiu na minha prancha fora da água e colocou a esquerda na frente…seria a pequenina uma future “regular”? Também me ajudou a carregar a prancha na volta! Peguei a dica com o cara de Israel. Para ela (o) surfar, vc não tem que forçá-la (o). Isso gera medo na criança! O segredo é deixar solto, que elas (es) vão com certeza nos imitar. Ela já folheia minha revista de surf, e assiste DVD comigo. E com menos de 2 anos!
Aqui estou eu, em casa, escrevendo e surfando mentalmente de novo.


Se quiser dicas, entre em contato.


Fotos:

http://picasaweb.google.no/gucape/HolidayAtMaldives#




Boa ondas,
Gustavo Pedreira